Visitando o Palácio de Versalhes e navegando pelo Rio Sena


@Sandra Nozaki (Arquivo Pessoal)
Chegando ao Palácio de Versalhes


Em nosso último dia em Paris, eu e a Patrícia resolvemos ir um pouco mais longe, até o Palácio de Versalhes. Para chegar até lá usamos o metrô e o RER (Réseau Express Régional) que é o trem de passageiros tipo a CPTM de São Paulo, seguindo as direções de uma funcionária da Gare Saint Lazare. Na verdade, até tinha um trem que saía dessa estação direto para a Ville de Versailles, mas no final acabei gostando desse trajeto porque nos deixou mais perto do Palácio de Versalhes.



Detalhe: os bilhetes, tanto de metrô como do RER podem ser comprados nas máquinas de venda automática nas estações. Paris e região metropolitana são dividas em cinco zonas, então é importante saber exatamente o nome da estação onde você vai desembarcar, pois o valor da tarifa varia conforme o destino final. Outra coisa importante é guardar o bilhete de trem ou metrô, pois você vai precisar dele para passar na catraca, tanto na entrada como na saída da estação.

Pegamos o metrô de Saint Lazare até a estação Invalides. Chegando lá, compramos as passagens para a linha RER C5 (amarela) até Versailles - Rive Gauche (zona 4), que é a mais próxima do palácio. Seguimos as placas e chegamos à plataforma do trem. Fiquei na dúvida se estávamos indo na direção certa, mas daí vi um monte de turistas aguardando o trem e concluí que era lá mesmo onde tínhamos que ir.

Mais um detalhe: nesses mesmos trilhos correm duas linhas do RER C que se bifurcam em um determinado trecho do trajeto e vão para estações finais diferentes. Para saber qual trem é o certo, aparece impresso no bilhete o nome do trem que devemos pegar. O nosso era VICKY. A pontualidade francesa também é incrível, o trem chega bem no horário que está marcado no bilhete. Nem mais, nem menos.

Havia duas moças na plataforma e uma delas me perguntou se a gente também estava indo para Versailles e respondi que sim. No entanto, poucos minutos antes do nosso, chegou outro trem com nome diferente e as duas embarcaram nele! Fui tentar avisá-las que era o trem errado, mas não deu tempo. Bom, de qualquer forma, as duas chegariam até Versailles, mas teriam que caminhar mais até o palácio. Isto se conseguissem passar pela catraca na saída, já que o bilhete era para outra linha.

Quando o VICKY chegou, tivemos uma surpresa: o trem era bem mais curto do que a plataforma. Só sei que eu, a Patrícia e mais um bando de turistas desavisados saímos correndo, que nem loucos, atrás do dito cujo. Vale ressaltar que as portas, tanto dos trens como nos metrôs, não abrem automaticamente como aqui em São Paulo. Temos que apertar um botão para que elas se abram e possamos embarcar, o que consome alguns segundos preciosos, ainda mais quando você está com medo que o trem parta sem você.

Meia hora mais tarde, desembarcamos em Versailles - Rive Gauche. Esta é a estação mais próxima do Palácio de Versalhes, que que fica a uns 10 minutos de caminhada. Lá chegando, pegamos uma fila para comprar os ingressos e, então, começamos a visita a este, que foi a residência oficial de três monarcas franceses: Luís XIV, Luís XV e Luís XVI.


Domínio Público
Rei Luis XIV, o "Rei Sol"


O Palácio de Versalhes foi construído, originalmente, para servir como pavilhão de caça para o Rei Luís XIII. Entretanto, a partir de 1682 se transformou na residência de Luís XIV que procurava um lugar que fosse próximo, mas também afastado do tumulto em que se tornou Paris naquela época. Teve início, então, a ampliação do antigo pavilhão de caça que, após décadas, se transformou em um dos maiores palácios do mundo e modelo de residência real.

Na época, fizemos o percurso básico de visitação do Palácio de Versalhes que abrange o primeiro o primeiro andar, chamado de "Grands Apartments". Consistem em vários salões, um seguido do outro onde temos:

  • Os aposentos do rei,que compreendem várias salas, ricamente decoradas: uma parte delas era aberta ao público, onde a família real passava e podia ser vista. Já a outra parte, que inclui o quarto do rei, tinha o acesso restrito.
  • A Galeria dos Espelhos: o salão mais luxuoso do palácio, adornado com esculturas e enormes lustres de cristal. Servia de local de passagem para o rei, ponto de encontro dos cortesões e salão de bailes e festas da Corte Francesa;
  • Os aposentos da rainha: também consistem em várias salas e ante-salas, cuja decoração foi modificada conforme foram ocupadas por cada uma das três rainhas da França: Maria Teresa, Maria Leszczinska e Maria Antonieta;
  • Galeria das Batalhas: é o maior salão do Palácio de Versalhes e parte final da visitação. Lá encontramos várias pinturas (são quadros enormes) que retratam e celebram quinze séculos de sucessos militares da França. 
Apesar de enorme, a visita ao Palácio de Versalhes não leva mais que uma hora e meia a duas horas. Saindo do palácio, fomos para a estação pegar o RER de volta a Paris. Ao invés de irmos para a estação Invalides, resolvemos descer em Champs de Mars - Tour Eiffel para fazer um passeio de barco pelo Rio Sena. Fomos até o Quai Branly e compramos o passe de um dia para o Bateaubus.

Domínio Público
O Palácio de Versallhes em 1668, após a primeira ampliação


O Rio Sena separa a cidade de Paris em dois lados: Rive Gauche (a margem esquerda, mais antiga) e Rive Droite (a margem direita). Séculos atrás o rio era tão poluído e cheirava tão mal que as pessoas eram obrigadas a abandonar os edifícios nas suas proximidades quando chegava o verão. Hoje em dia, o Sena não é mais poluído, embora não tenha águas cristalinas, mas em suas margens podemos ver pessoas passeando, artistas pintando telas e vendendo seus trabalhos.

Navegamos pelo Sena até a Ile de la Cité (Ilha da Cidade), onde fica a Catedral de Notre Dame. Esse é o local da fundação de Paris, que se chamava Lutécia quando Império Romano dominava a Gália, região onde hoje é a França (vide Asterix e Obelix). Desembarcamos na estação do Bateaubus, subimos as escadas até o nível da rua, atravessamos a Pont au Double e chegamos na Catedral. Compramos os bilhetes (não lembro quanto pagamos) e entramos.

Nota: em 2002, a entrada na Catedral de Notre Dame foi bem tranquila. Quando fui novamente, em 2015, eu e todos os visitantes passamos por revista, mas nada muito complicado. O guarda pedia apenas para abrirmos bolsas e sacolas para ele ver o conteúdo, só isso. Paris ainda vivia o clima tenso após o atentado ao Charlie Hebdo e era normal ver soldados armados fazendo a ronda nos principais pontos turísticos da cidade. 

A Catedral de Notre Dame, dedicada a Nossa Senhora, foi construída em estilo gótico e é uma das mais antigas da França. A catedral é muito bonita por dentro, e uma das coisas que me chamou a atenção foram os grandes lustres enfileirados. Apesar disto, achei o ambiente um tanto escuro e com um ar de mistério. Não tem como entrar lá e não lembrar do personagem Quasímodo de "O Corcunda de Notre Dame".

Creio que a visita a Catedral de Notre Dame durou por volta de meia hora. Depois voltamos ao embarcadouro à margem do Sena e pegamos o Bateaubus novamente. A embarcação deu uma volta pela Ile de la Cité e seguimos navegando até a estação próxima ao Museu do Louvre. Desembarcamos lá e seguimos a pé para em direção ao hotel, mas claro que antes paramos para fazer as últimas compras. Era nosso último dia em Paris e ainda precisávamos fazer as malas para voltar a Madrid.

No dia seguinte, após o café da manhã, a van veio até o hotel para nos levar até o Aeroporto Charles de Gaulle. Infelizmente, o motorista era outro, não o simpático senhor português que nos trouxe na chegada. Durante o trajeto até o aeroporto, eu e a Patrícia ficamos caladas e pensativas. Estávamos tristes por deixar Paris, a cidade é linda, tem uma vibe que não sei explicar e foram três dias corridos, mas maravilhosos. Senti que precisava voltar, o que só aconteceu 13 anos mais tarde.

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