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| A Place Maubert, no bairro Quartier Latin em Paris. (Foto: Arquivo Pessoal) |
"Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos Romanos.Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum..." (Prólogo de todas as histórias de Asterix e Obelix)
Os gauleses, do qual os personagens Asterix e Obelix fazem parte, eram um povo de origem celta que ocupava a região da Gália, onde hoje se localiza a França.
Embora tenham resistido bravamente, chegou o dia em que os gauleses e seu grande chefe, Vercingetorix, foram derrotados e o Império Romano passou a dominar todo o seu território, construindo suas cidades e disseminando seus hábitos e cultura.
Onde hoje se encontra Paris, os romanos fundaram a maior cidade da região na época, que se chamava Lutécia. Fazendo uma alusão à atual Cidade Luz, Albert Uderzo e René Goscinni retratam a Lutécia dos quadrinhos como um lugar dinâmico e da moda, o sonho de consumo das gaulesas da aldeia de Asterix.
De fato, para sua época, Lutécia foi uma cidade moderna e luxuosa. Ela ocupava basicamente a Île de la Cité, onde fica a Catedral de Notre Dame, e parte de Rive Gauche, à margem esquerda do Rio Sena. Essa época ficou conhecida como Galo-Romana (Gallo-Roman, no francês).
Após a queda do Império Romano e a conquista pelos Bárbaros, foi quando Lutécia passou a se chamar Paris, em homenagem aos Parísios, o povo gaulês que ocupava aquele local específico, às margens do Rio Sena.
Embora sejam poucos, ainda existem alguns resquícios da época Galo-Romana na Paris contemporânea e eles podem ser encontrados no bairro do Quartier Latin, onde fica a Universidade Sorbonne.
Foi nesse bairro onde me hospedei, na minha última visita a Paris, em 2015, e logo abaixo descrevo algumas coisas interessantes que descobri e que têm a ver com Lutécia.
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| Rue Soufflot: o forum de Lutécia ficava nessa rua, do lado direito, onde hoje vemos esses prédios (Foto: Arquivo Pessoal) |
Rue Saint-Jacques
Nos tempos de Lutécia, a Rue Saint-Jacques era a via principal da cidade, o qual chamavam cardo maximus. Sendo assim, essa rua de Paris já existia há 2000 anos!
Le Pantheón
Coloquei o Panteão de Paris aqui só para fins de localização. A rua onde fica a entrada desse monumento, a Rue Soufflot, mais precisamente na quadra que faz esquina com o Boulevard Saint-Michel, do lado direito, é onde se localizava o antigo Fórum de Lutécia.
De acordo com Sylvie Dodeller no guia Promenons-nous à Paris, existe apenas um pedaço da fundação do prédio do fórum romano em um estacionamento subterrâneo.
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| Cripta de Notre Dame: ruínas que datam da época de Lutécia. (Foto: Arquivo Pessoal) |
A Cripta de Notre Dame
Em frente à Catedral de Notre Dame e bem discreta, fica a entrada da cripta. Resolvi visitar meio que por acaso, já que estava incluído no passe de museus que eu havia adquirido. Fui lá achando que era um tipo de catacumba cheia de esqueletos (que existe, mas fica em outro lugar). Qual não foi minha surpresa com o que descobri por ali.
Na verdade, a cripta guarda os achados arqueológicos de uma Paris que foi evoluindo ao longo de diferentes épocas. De Lutécia, é possível ver ruínas de antigas casas e ruas ainda perfeitamente pavimentadas.
Havia uma exposição interativa, onde podíamos ver como era Lutécia, reproduzida através de computação gráfica. Muito legal, uma verdadeira viagem no tempo e é um passeio que recomendo para quem gosta de Arqueologia.
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| Fachada que pertencia às Termas de Cluny, da época galo-romana, no interior do Musée du Moyen Âge. (Foto: Arquivo Pessoal) |
Musée du Moyen Âge
Em frente ao prédio da Universidade Sorbonne, fica o Museu Nacional da Idade Média ou Museu de Cluny. Como o próprio nome diz, o tema desse museu é relacionado à arte medieval, onde encontramos peças de decoração, pinturas, tapeçarias, indumentárias e até armas que datam dessa época.
Contudo, o prédio onde funciona o museu, aberto desde 1844, agrega duas construções diferentes: a antiga residência dos monges de Cluny e parte das Termas de Cluny, que funcionava a todo vapor na época de Lutécia.
Para ter acesso e poder vislumbrar a ala onde eram as termas, precisamos fazer o tour pelo museu. Do contrário, podemos ver apenas a fachada pelo lado de fora, em um parque cuja entrada fica no Boulevard Saint-German.
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| Esse salão era parte das Termas de Cluny. (Foto: Arquivo Pessoal) |
Les Arénes de Lutéce
Era o anfiteatro romano em Lutécia, onde os habitantes da cidade se reuniam para assistir as lutas de gladiadores e outros espetáculos. É um dos mais importante remanescentes da época Galo-Romana em Paris e, em seu auge, conseguia receber 17.000 espectadores.
Sua exata localização ficou perdida por muitos e muitos anos, até ser redescoberta no século XIX, durante a construção da Rue Monge. Depois disso, foi restaurada e transformada em praça pública em 1896.
Esse foi o único lugar que não consegui visitar nessa viagem a Paris. Fiquei sabendo de sua existência bem na última hora, quando já estava de partida para Londres, mas com certeza estará no meu roteiro em uma próxima viagem para a capital francesa.
Sobre Asterix e Obelix
Asterix e Obelix são dois amigos e guerreiros gauleses criados por Albert Uderzo e René Goscinni em 1959.
Para defender a sua aldeia dos legionários romanos e derrotar outros inimigos, Asterix conta com uma poção mágica feita pelo druida Panoramix que lhe dá uma força sobre-humana. Obelix, por sua vez, caiu no caldeirão de poção quando era bebê e, desde então, os efeitos sobre ele se tornaram permanentes.
As publicações de Asterix contam com mais de 40 histórias em quadrinhos, além de desenhos animados e filmes, com o ator francês Gérard Depardieu no papel de Obelix. Para saber mais sobre as histórias de Asterix e Obelix é só clicar aqui.
Não li todos os quadrinhos de Asterix, mas consegui ler a maioria deles. Durante as leituras, descobri uma forma divertida de aprender um pouco mais sobre História e povos da antiguidade.
As aventuras desses guerreiros gauleses não se resumem apenas à Gália. Eles viajam para outros lugares e interagem com os povos que habitavam a Europa na mesma época, como os bretões (ingleses), e chegam até mesmo a ir para o Egito ajudar Cleópatra.
Se você também quiser se divertir com as aventuras de Asterix e Obelix, pode adquirir os quadrinhos clicando aqui!
Logo abaixo, o trailer do filme Asterix e Obelix: Missão Cleópatra (2002)
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