Fim de semana em Barcelona - Parte 1




Era uma quinta-feira, dia de greve geral na Espanha. Eu e minha amiga, a Patrícia, tínhamos chegado aquela semana em Madrid e fomos pegas de surpresa com a notícia. Estávamos hospedadas na casa da minha tia, que tinha se mudado para lá a trabalho naquele ano de 2002 e, pelo que soubemos, absolutamente nada iria funcionar no dia da greve. Resolvemos, então, caminhar por Las Rosas, já que o bairro ficava um pouco distante do centro de Madrid e o único transporte que tinha era ônibus.

O verão em Madrid é uma coisa de louco de tão quente e seco. Parece clima de deserto,  quase insuportável e nos deixa com uma sede terrível.  Passeamos pelo bairro, fomos até o supermercado no centro comercial local (que estava aberto) e voltamos para a casa da minha tia. Estávamos tão cansadas da caminhada, pelo calor e secura do ar que cada uma deitou num sofá e desmaiou de sono. E um sono pesado até. Nem sei quanto tempo tínhamos dormido, quando ouvi barulhos vindo da porta. Era minha tia chegando do trabalho mais cedo. Chegou dizendo para nos prepararmos, pois dali a uma hora o Miguel, colega dela (brasileiro) passaria lá  para irmos a Barcelona. Levantamos no susto e fomos arrumar nossas coisas para a viagem.


No caminho para Barcelona, depois de sairmos da rodovia principal, viemos parar aqui

Barcelona fica na Costa Dourada do Mediterrâneo, a seis horas de viagem de Madrid. Naquela época ainda não existia o AVE, trem de alta velocidade que hoje faz o trajeto Madrid-Barcelona em duas horas e, como foi tudo resolvido no improviso, fomos de carro mesmo. Uma das coisas que aprecio muito no verão do Hemisfério Norte é que os dias são longos, costuma escurecer só por volta das dez da noite. Então quando pegamos a estrada já tinha passado das sete horas, mas ainda tinha sol. O Miguel foi o nosso motorista a viagem inteira, já que ele gostava de dirigir. As rodovias espanholas são excelentes, tínhamos passado por Zaragoza (se não me engano)  era quase meia-noite e já estava escuro e então  resolvemos parar. Achamos um um hotel no meio da estrada e pernoitamos ali mesmo. Não lembro qual era o nome do hotel, mas era um três estrelas, muito bom e confortável.

Saímos do hotel logo cedo. Paramos em uma lanchonete na beira da estrada para tomar café. Parecia mais  um boteco e  estava  cheio de gente. Pedi um café e um sanduíche de tortilha (omelete com batata) com tomate no pão francês, sem colocar muita fé. Achei que o pão estava murcho como acontece aqui, quando fica muito tempo exposto. Para minha surpresa, estava uma delícia! O pão, apesar de frio, tinha a casca bem crocante. Foi o melhor pão francês que já comi na vida. De barriga cheia, seguimos viagem para Barcelona. Em um trecho da estrada, percebi que desviamos da rodovia principal e fomos parar em Sitges, já no litoral do Mar Mediterrâneo. Estacionamos o carro e fomos dar uma volta na cidadezinha.


Chegando em Sitges, no litoral do Mar Mediterrâneo

Era época de Copa do Mundo no Japão e na Coréia e, bem naquele dia, era dia do jogo entre a seleção brasileira e a Inglaterra. No caminho para a vilazinha, havia um único bar aberto. Na parede havia um telão e algumas pessoas assistindo um jogo de futebol. O Miguel entrou lá  para ver quem estava jogando e saber o resultado do jogo do Brasil que tinha sido transmitido mais cedo por causa do fuso horário. Chegamos em um lugar que tinha jeito de ser o centrinho da cidade. Parecia mais uma vilazinha, com uma arquitetura muito bonita e um calçadão só para pedestres. Havia um clima de ressaca no ar. A noite passada devia ter sido bem intensa e movimentada por ali. O comércio ainda estava fechado e tinha pouca gente andando naquela hora. Não nos demoramos muito por lá, demos uma olhada geral no local e voltamos para o carro. Então pegamos a estrada rumo à Barcelona.



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