Como foi embarcar num cruzeiro bate e volta até as Bahamas

Cruzeiro de um dia para as Bahamas
(Foto: Creative Commons Zero)


Sabe um daqueles passeios em que você embarca, mas não sabe o que te aguarda e se sente um verdadeiro turista acidental?

Pois bem, isso aconteceu no ano 2000, durante uma viagem de 10 dias à Florida, nos Estados Unidos. Estávamos eu, minha tia e minha prima passeando no Bayside Marketplace, um shopping à céu aberto bem legal em downtown Miami. Paramos em frente a um quiosque onde funcionava uma agência de turismo local que vendia pacotes de passeios e vimos um cartaz promovendo um cruzeiro até as Bahamas, de ida e volta no mesmo dia.


O pacote custava 120 dólares por pessoa e incluía a passagem de ida e volta à bordo do navio Discovery Sun, mais três refeições à bordo: café da manhã, almoço e jantar. Como minha tia havia ouvido boas recomendações, fechamos o pacote. Combinamos com a atendente que uma van iria nos buscar em um hotel em Hialeah (não lembro se era o Marriot ou Hyatt), que era o mais próximo de Miami Lakes onde estávamos hospedadas. Nessa época, um dos meus primos estava estudando nos EUA e ficamos no apartamento onde ele morava.


A pulseira que usamos durante o cruzeiro e o cartãozinho do motorista da van
 em Freeport (Foto: Arquivo Pessoal)


O embarque

No dia marcado, meu primo nos levou de carro bem cedinho até o hotel onde a van iria nos buscar. Não precisamos esperar muito, a van chegou pontualmente no horário combinado. De lá, fomos para o porto de Fort Lauderdale, de onde sairia o nosso cruzeiro. O motorista foi bem atencioso e prestativo, acompanhou o grupo do check-in até o controle de passaportes, quando então pudemos embarcar.

Descobri que o Discovery Sun não era apenas um navio de cruzeiro, mas também de transporte. Para nos diferenciar dos passageiros comuns, ganhamos uma pulseira para identificação, a qual tínhamos que usar durante todo o passeio. Inclusive, para entrar no restaurante durante as refeições.

Assim que subimos à bordo, fomos direto para o restaurante tomar café da manhã, que já estava bem cheio. As refeições foram todas em sistema de buffet, mas as bebidas eram cobradas à parte. Em cima da mesa havia garrafas de água mineral para quem quisesse comprar e, também uma plaquinha com sugestão de valores para a gorjeta dos garçons:

  • Breakfast: $1.50
  • Lunch:      $2.50
  • Dinner:     $3.50
Detalhe: esse valor é por pessoa. Quando se trata de Estados Unidos, tudo funciona à base de gorjeta. Do taxista ao carregador de malas, guias de turismo e, principalmente, garçons. Assim que terminávamos as refeições, deixávamos o dinheiro em cima da mesa. 

Beach...em Lucaya (Foto: Arquivo Pessoal)


As horas de navegação, o garçom chinês e um famoso à bordo

As Bahamas são um país insular composto por mais de 700 ilhas, cuja capital é Nassau, que também é um famoso destino turístico. Nesse cruzeiro que fiz, estávamos indo para Freeport, na ilha Grand Bahama, que fica mais próxima à costa da Flórida. De Fort Lauderdale até lá, foram 4 horas de navegação.

Depois do café, nós três fomos caminhar pelo navio e ver o que havia de legal lá. Havia uma piscina pequena (que já estava apinhocada de gente), um sala de shows e um cassino. Nessas andanças, descobrimos que à bordo também estava o comediante Tom Cavalcante. Até pensamos em pedir uma foto com ele, mas vimos que estava com a família e um segurança, então deixamos quieto.

Minha prima começou a se sentir um pouco mareada, então encontramos um lugar na área externa de um dos decks, onde ela pôde se deitar e ficamos lá por um tempo, até a hora do almoço.

Fomos para o restaurante almoçar e o garçom que servia nossa mesa era um rapaz chinês. Achando que eu também era chinesa (normal, até já me acostumei), começou a conversar comigo no idioma dele. Pedi desculpas, eu disse que não era chinesa e ele fez a maior cara de espanto quando eu disse que era do Brasil.

Não sei se por curiosidade ou porque foi com a minha cara, mas vira e mexe o garçom vinha puxar papo comigo. O ruim é que eu não entendia o que ele falava em inglês e acho que as minhas respostas foram muito sem pé nem cabeça. Deve ter me achado uma doida.

Quando finalmente entendi algo, ele me perguntou se estávamos indo para Port Lucaya, então respondi que não sabia, que só sabia que estávamos indo para as Bahamas (pior que naquela hora era só isso mesmo o que eu sabia). O garçom deu uma risadinha e deve ter concluído que eu era uma doida mesmo.


Shopping...no Port Lucaya Marketplace (Foto: Arquivo Pessoal)



Em terra firme: beach & shopping

Pouco depois do almoço, chegamos em Freeport. Como procedimento padrão de segurança, solicitaram que todos os passageiros do Discovery Sun fossem para a sala de shows durante o atracamento do navio no porto. Na volta, em Fort Lauderdale, foi a mesma coisa. Anunciaram que o nossa permanência em terra seria de até 4 horas.

Quando liberaram o nosso desembarque, foi uma muvuca só e, já no porto, vários motoristas de van anunciavam seus serviços. Basicamente eram dois pacotes: beach & cassino ou beach & shopping, que custavam 8 dólares por pessoa.

Bom, não preciso que dizer que nós, três mulheres, escolhemos beach & shopping. Afinal, oferecer shopping para uma mulher é o mesmo que oferecer nozes para um esquilo. Vi Tom Cavalcante e família  irem em direção a outra van que oferecia beach & cassino.

Fomos as últimas a entrar na van e sobrou para eu ir no banco da frente, ao lado do motorista. Éramos as únicas brasileiras lá, os outros passageiros eram basicamente latinos. Pelo que percebi, nenhum deles falava inglês e nós também não falávamos castelhano. Já o pessoal da ilha, basicamente afro-descendentes, falava inglês. O motorista da nossa van lembrava muito o treinador do Mike Tyson.

Foi um tanto assustador andar de van em Grand Bahama. A mão era inglesa, ou seja, o sentido das pistas era contrário ao nosso, mas a direção dos veículos ficava do lado esquerdo como aqui no Brasil e nos EUA. Isto significa que, ao tentar fazer uma ultrapassagem numa estrada de pista simples, o motorista tinha que levar a van totalmente para a pista oposta para ver o tráfego à frente.

Observei que lá na ilha ventava bastante e comentei isso com o motorista. Daí ele me disse que aquela era época de furacões e vira e mexe passava um por lá. Levei um baita susto e fiquei com um pouco de medo, mas daí pensei que, se houvesse algum furacão à caminho, com certeza não estaríamos lá, então me acalmei.

👉Fica a dica: a temporada de furacões no Atlântico Norte vai de 30/06 até 30/11. Isto em condições normais, mas como ultimamente o tempo anda estranho, então não sei se dá para confiar mais nessas datas.


Lojinha de artesanato em palha (Foto: Arquivo Pessoal)


Lucaya Beach e o Straw Market (Mercado de Palha)


Depois de fortes emoções no caminho, chegamos em Lucaya, uma das praias de Freeport. Ao desembarcarmos, o motorista da van nos passou o horário e mostrou o ponto de encontro para nos levar de volta ao porto. Depois disso, fomos explorar o local.

Em Port Lucaya havia um resort e, para ir até a praia, tivemos que entrar na  recepção e passar pela piscina, para então chegar na areia. Era a primeira vez que eu entrava em um resort e achei muito bacana, havia cadeiras exclusivas para os hóspedes na praia, além de serviço de bar. Um baita luxo.

Foi uma pena que o tempo naquele dia estava nublado, mesmo assim deu para ver que as águas do Mar do Caribe eram de uma cor verde e muito limpa. Não havia quase ninguém na praia, ficamos ali por alguns minutos e, então, fomos conhecer o Port Lucaya Marketplace e o Straw Market que ficavam em frente ao resort.

No Port Lucaya Marketplace havia várias casinhas coloridas onde funcionavam lojas de grife, cafés e restaurantes. No Straw Market havia várias lojinhas, uma ao lado da outra, que vendiam artesanato em palha feito pelos moradores da ilha. Mesmo que a gente quisesse só olhar os produtos, sem comprar nada, bastava parar em frente à toda e qualquer lojinha que aparecia um(a) vendedor(a) dizendo:

- Hi, sweetheart! Are you looking for something special? 
  (Oi, querida! Você está procurando alguma coisa especial?)

Para dizer não de forma educada, essa era a resposta que eu já tinha na ponta da língua:

- Oh, not really. I'm just looking around. Thank you. 
  (Não exatamente. Estou só olhando. Obrigada)

Depois de andar e olhar tudo, achei algumas lembrancinhas bem bonitas e acabei comprando. 


Em Freeport, antes de zarpar de volta a Fort Lauderdale
(Foto: Arquivo Pessoal)


Goodbye Bahamas

No final da tarde, no horário e local combinado, pegamos a van de volta ao porto para embarcar no Discovery Sun e encarar 4 horas de navegação até Fort Lauderdale. Ficamos no deck externo até escurecer, fomos jantar e passamos o restante da viagem brincando nos caça-niqueis no cassino do navio.

Quando chegamos em Fort Lauderdale, o motorista que nos buscou de manhã, já esperava para nos levar de volta até o mesmo hotel em Hialeah. Chegando lá, pedi para o recepcionista do hotel nos chamar um táxi. O rapaz me disse que o carro chegaria em 2 minutos e não é que chegou mesmo!!!
Era meia-noite quando finalmente chegamos no apartamento do meu primo em Miami Lakes.

Enfim, foi um passeio cansativo, chegamos exaustas, mas valeu a pena. Uma boa oportunidade de conhecer o Caribe de uma forma bem econômica.

Pesquisei na internet e descobri que esse cruzeiro de um dia para Grand Bahama ainda existe, mas o navio não é mais o Discovery Sun. Vi que agora eles usam uma outra embarcação, menor, mais moderna e, talvez, mais rápida. Informações pelo site oficial do Discovery Cruise Lines



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