Pueblos de España: Cedillo de la Torre

Cedillo de la Torre
Caminhando por Cedillo de la Torre (Foto: Acervo Pessoal) 


O caminho de volta após o casamento da minha prima, foi uma aventura e tanto. Percorremos três países europeus em um só dia: tomamos café da manhã na Polônia, almoçamos na Alemanha e jantamos na Espanha.

Depois que parei para pensar, achei uma doideira e uma canseira tremenda. Tudo bem que planejei assim para ganhar tempo, mas é algo que não recomendo a nenhum viajante e, certamente não pretendo fazer de novo.

Pois bem...um ônibus, um avião e um carro depois, em um total de 14 horas de viagem, chegamos na casa rural de Cedillo de la Torre. Jantamos e fomos dormir já era 3 horas da manhã. 



Eu estava tão cansada e com sono que apaguei rapidinho. Como não tínhamos nenhum plano para o dia seguinte, então dormimos até tarde. Depois do café, fomos ao supermercado (só a mulherada) na cidade de Aranda de Duero, que já fica na província de Burgos, a meia hora de carro de Cedillo em direção ao norte pela (excelente) Rodovia Madrid-Burgos. 




Cedillo de la Torre

Foi aí onde passei o restante da minha semana na Espanha. Fica a uma hora de carro de Madrid, mas está localizada na comunidade autônoma de Castela e Leão. A cidade grande mais próxima é Segóvia, que faz parte do roteiro turístico tradicional da Espanha e que não deu para visitar dessa vez.

Essa foi a segunda vez que me hospedei em Cedillo. A primeira foi em março de 2015 e fazia muito frio. Fez tanto frio (temperatura negativa até) que nem tive coragem de sair para conhecer o pueblo. Preferi ficar dentro da casa rural me aquecendo perto do fogão à lenha.

Casa rural é como o pessoal chama as casas de campo lá na Espanha. Existem sites na internet oferecendo aluguel desse tipo de casa em vários pueblos como Cedillo de la Torre. Tem casas enormes e lindíssimas, totalmente equipadas e mobiliadas, em lugares com paisagens naturais incríveis.  

Cedillo é um daqueles lugares bem peculiares. Sua fundação é mais antiga que o Descobrimento da América. Segundo o site oficial da prefeitura da cidade, as referências ao município datam de 1247 que, então, se chamava Quintana Cidiello. Só a partir do século XVI passou a se chamar Cedillo de la Torre. A torre que dá nome ao pueblo tem a ver com a torre da igreja local, tamanha era a sua importância na época.

Window view
Vista da janela do segundo andar da casa. Esse efeito estranho
na imagem é da tela de proteção contra insetos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quanto ao número de habitantes, o local não chega a ter 100 pessoas e a maioria trabalha com agricultura ou são aposentados. Engana-se quem imagina que os agricultores da região passam o dia todo trabalhando debaixo do sol escaldante com pá e enxada. A agricultura por lá é toda mecanizada e, no verão passado, havia muitos campos de trigo e girassol. A paisagem é linda de se ver.

A moradora mais ilustre do lugar é a assistente do diretor de cinema espanhol Pedro Almodóvar. Quando ela não está no set de filmagens, vive em Cedillo e fabrica queijos de excelente qualidade.  

Não há lojas no pueblo, apenas um café funcionando perto da praça principal. Os habitantes têm que se deslocar até as cidades maiores da região como Boceguillas (onde tem uma padaria maravilhosa) ou mesmo Aranda de Duero. 

Mesmo estando nas montanhas, fez muito calor em Cedillo na semana que passei lá.  Em nosso primeiro dia lá no pueblo, já era fim de tarde quando eu e meus primos saímos para dar uma volta pelo local. Era o horário em que a temperatura começava a baixar e descobrimos que era o momento que os moradores também começavam a sair de suas casas para passear e encontrar os vizinhos.




A princípio, não havia viva alma nas ruas. Entretanto, conforme a gente caminhava, passavam por nós uns casais de velhinhos e nos davam "buenas tardes". Inclusive, uma senhorinha muito simpática veio até mim e perguntou o que fazíamos lá em Cedillo. A curiosidade do pessoal era grande...

Havia também uns meninos que passavam de bicicleta perto de nós falando "ni-hao" ("olá" em chinês) pensando que éramos chineses. Conforme nos rodeavam, comecei a cumprimentá-los em espanhol. Daí viram que não éramos chineses coisíssima nenhuma, a brincadeira foi perdendo a graça e depois sumiram da rua. Provavelmente, eles eram os netos dos moradores que foram passar férias de verão na casa dos avós. Percebi, então, que o pueblo estava mais cheio do que parecia.

Esse foi o único dia que caminhamos por Cedillo de la Torre. No restante da semana, fomos visitar outras cidades da região, todas fundadas na Idade Média ou até antes. São lugares que tem muita história, um patrimônio cultural riquíssimo. Certamente, foi uma semana bem diferente, totalmente fora do circuito turístico mais tradicional, mas que é tão (ou mais) interessante quanto. Nos próximos posts, vou contar um pouco sobre cada um desses outros pueblos que visitei. 



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